Não é sobre mim que escrevo, é sobre o que gira ao meu redor
DOI:
https://doi.org/10.29147/dat.v6i2.411Palavras-chave:
Doença Mental, Literatura, Escuta, Território de ExistênciaResumo
Lydia Francisconi é uma escritora, já falecida, ex-interna do Hospital Psiquiátrico São Pedro de Porto Alegre, que, de 2006 a 2009, participou de uma Oficina de Criatividade lá oferecida. Foi nessa Oficina que suas palavras floresceram e passaram a ser escutadas. Em 2010, seus escritos dispersos foram reunidos e se tornaram um livro que recebeu o título de ¨"O Sol que gira". A ideia que predomina entre nós é que em um hospital psiquiátrico só existem distúrbios e anomalias das quais devemos nos manter afastados. Mas onde parece haver apenas silêncio, existe uma infinidade de visões e sons que resistem ao aniquilamento, e que podem ou não sair do espaço de confinamento. Lydia inventa um fora, mora sozinha numa kitinete. Neste artigo, procuraremos ativar uma escuta sensível dos escritos de Lydia, sublinhando os usos e desvios que praticava no seu exercício literário. Ela parecia ter clareza de que a experiência da escrita não era apenas um trabalho de transformação de si mesma, mas a possibilidade de criar para si um território de existência.
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Referências
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