Colaborando com o inimigo
simbioses possíveis em tempos de redes adversárias
DOI:
https://doi.org/10.29147/datjournal.v9i3.862Palavras-chave:
Arte, Tecnologia, IA Generativa, Inteligência Artificial, Temporalidades, SimbioseResumo
Não há ênfase possível que permita de fato representar a aceleração exponencial no desenvolvimento de agentes digitais, IAs Generativas, sistemas que usam parte de nossa cultura como dataset e desenvolvem modos particulares de inteligência, agência e produção. O que podemos inferir e intuir, não só sobre cada sistema em si, é sobre como nos relacionamos com essas interfaces, sobre nós mesmos, nossos anseios e o uso criativo dessas plataformas. O que esses sistemas podem significar para nossos processos poéticos e para uma variada experiência de temporalidades, simbioses, práticas e presenças distintas.
Partindo do debate estabelecido por Santaella sobre as simbioses dos humanos e tecnologias, do conceito de mídia terciária em Pross na leitura de Norval Baitello, nos conceitos de linha e superfície, por Flusser, e nas visões de temporalidade e experiência ritual de Byung-Chul Han e Hans-Georg Gadamer, além do simulacro em Baudrillard, objetos compósitos de Graham Harman, agência em Gell e o contemporâneo em Agamben, é possível pensar mais profundamente entes e funções digitais e, a partir daí, analisar a emergência e parte das potencialidades generativas das inteligências artificiais. E notar o que nos mostra o espelho dos agentes digitais enquanto se alimentam de nossa cultura, ao mesmo tempo produzindo conosco e nos tornando parcialmente, também, simulacros. Apresenta classes diversas de foco e a noção de que complexidade não está necessariamente ligada a maior tempo de interpretação, nem de manifestação.
Percebendo experiências temporais distintas e como isso informa a produção artística, assim como o uso de IA e suas potencialidades simbióticas e também destrutivas, mostra experiências poéticas recentes com agentes digitais, tanto com sistemas respondendo sob comando quanto em operações livres. Parte de uma série de estudos gerados em simbiose com IAs, serve de registro sobre as capacidades atuais desse tipo de interface e dá, ao mesmo tempo, alguma percepção sobre suas potencialidades futuras. Sistemas que automatizam parte da produção não conseguem, ao menos por enquanto, clonar nosso papel humano, ético, político e social em uma produção maquínica. Eles nos simulam apenas parcialmente. Mas nossos preconceitos reais já estão presentes e em uso nos datasets.
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