Arte, natureza e colonialidade

críticas ao antropoceno

Autores

  • Priscila Almeida Cunha Arantes Universidade de São Paulo; Penn State University; Universidade Estadual de Campinas; Universidade Anhembi Morumbi; Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

DOI:

https://doi.org/10.29147/datjournal.v10i2.995

Palavras-chave:

Antropoceno, Colonialidade, Arte contemporânea, Natureza e Tecnologia

Resumo

O presente artigo propõe uma reflexão crítica sobre as inter-relações entre arte, natureza e colonialidade, com especial atenção às contribuições e críticas formuladas ao conceito de Antropoceno a partir de perspectivas latino-americanas. Para desenvolver essa reflexão, o artigo se organiza em duas partes. Na primeira parte, são apresentadas as críticas ao conceito de Antropoceno com base nas contribuições de pensadores como Aníbal Quijano, Ailton Krenak, Antonio Bispo, Deborah Danowski e Marisol de la Cadena. Suas formulações apontam para a urgência de superar os paradigmas ocidentais que tratam a natureza como um recurso externo à cultura, denunciando o caráter colonial e extrativista que sustenta tais discursos. Na segunda parte, o foco recai sobre as práticas artísticas contemporâneas que tensionam essas questões e que se articulam diretamente com os debates sobre ecologia, colonialidade e feminismos. São analisadas obras e projetos de artistas como Lucas Bambozzi, Paulo Tavares, Giselle Beiguelman e Constanza Pinã, cujas poéticas propõem formas de engajamento crítico com o meio ambiente e com as marcas deixadas por processos históricos de violência, dominação e apagamento cultural herdados do colonialismo. Esses trabalhos não apenas denunciam os efeitos do colonialismo histórico, mas também criam espaços de experimentação estética e política, em diálogo com outras formas de imaginar e estar no mundo.

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Biografia do Autor

Priscila Almeida Cunha Arantes, Universidade de São Paulo; Penn State University; Universidade Estadual de Campinas; Universidade Anhembi Morumbi; Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Priscila Arantes é curadora, escritora, crítica de arte, professora universitária e gestora cultural. É graduada em Filosofia (USP), doutora em Comunicação e Semiótica (PUC-SP) e realizou pós-doutorado em Arte e Estudos Culturais na Penn State University (EUA) e na Unicamp. Atualmente é professora do PPG em Design da UAM e professora do Departamento de Artes, além de coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Artes e Práticas Culturais da PUC-SP. De 2007 a 2020, foi curadora-chefe e diretora cultural do Paço das Artes. Entre 2009 e 2011, atuou como curadora do MIS (Museu da Imagem e do Som). De 2020 a 2023, foi pesquisadora convidada e curadora do MAC USP (Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo). É autora dos livros "Arte e Mídia: perspectivas da estética digital" e "Reescrituras da arte contemporânea: história, arquivo e mídia", entre outras publicações.

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Publicado

2025-08-25

Como Citar

Arantes, P. A. C. (2025). Arte, natureza e colonialidade: críticas ao antropoceno. DAT Journal, 10(2), 4–21. https://doi.org/10.29147/datjournal.v10i2.995